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terça-feira, 24 de abril de 2012

A DESCOBERTA DO MUNDO - CLARICE LISPECTOR

"Disse que as vezes sou impaciente com as pessoas. Tentei explicar a Eva que fico intolerante com as pessoas que não me entendem. Por que no fundo sou muito fácil de se entender. Bem, quer dizer, pelo menos é o que me parece".

(Análisa Mediúnia / Pág. 474)


Uma Clarice Lispector “um pouco sem jeito” apresentava-se a seus leitores, em setembro de 1967, cerca de vinte dias após estrear como colunista do Jornal do Brasil. Esclarecia seu desconforto em escrever por encomenda, algo que fizera, na imprensa, anonimamente. “Assinando, porém, fico automaticamente mais pessoal. E sinto-me um pouco como se estivesse vendendo minha alma.” Ao longo dos seis anos seguintes, a escritora aproveitou aquele espaço das formas mais variadas: ela discutiu acontecimentos recentes, filosofou sobre a existência, tratou de acontecimentos cotidianos, falou de sua família e de suas angústias, e até antecipou trechos de seus romances inéditos. Esse vasto material foi reunido na coletânea de crônicas A descoberta do mundo, em 1984. Confesso que a minha visão sobre Clarice Lispector e seus textos mudou um pouco depois desse livro. São histórias deliciosas de ler, apesar de ser um livro grande e que possa em certo ponto deixar algumas pessoas com o pé atras eu garanto a você que a cada crônica a vontade de ler a proxima será ainda maior.  Pra mim não só foi a descoberta do mundo mas de uma nova Clarice Lispector. 
 

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espirito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

(Não entender/ Pág. 172)
 

domingo, 22 de abril de 2012

ESSE AMOR DE TODOS NÓS - MARINA COLASANTI

"É o amor que nos torna verdadeiramente humildes; por que desvaloriza infinitivamente tudo aquilo que não é o bem-amado. É de tal modo ocupado por ele, que faz com que nos esqueçamos de nós mesmos".

                                                                                                   (Fénelon - 1651/1715 - Pág: 48)


São citações, versos, noticias de jornal, trechos de livros, conclusões de estudos bioquímicos e antropológicos com as segundas e terceiras intenções de Marina Colasanti. Com a intenção de mostrar que através de tantas falas, conceitos, pontos de vista, foi sendo construída a ideia de amor que hoje nos conhecemos. Uma ideia que continua em construção, sensível à descoberta científica, ao livro do poeta, à publicidade etc.
Não são apenas frases, mas visões do amor que dialogam ou se contrapõem.  Se Napoleão Bonaparte afirma que “o amor traz mais mal que bem”, Mario Quintana responde: “Amar é mudar a alma de casa”. 
Um belo livro dividido em frases que se ajustam e fazem o leitor refletir sobreas dores e delicias desse sentimento que é de todos nós. 


"Eu sei que escolhi alguém que era o meu oposto, como um dramático exemplo daquilo de que sentia falta em mim mesma". 

(Gloria Steinem, Revolution from within: a book og self - esteem, Gorgi, 1993)